vida

de fora.

acho engraçado quando escuto alguém falando “no brasil é assim”. sempre penso “de qual dos brasis ele está falando?”. afinal, se uma coisa que não tem no brasil é uniformidade. os costumes, as comidas, as vidas mudam muito com o cep e a classe social.

nem entro no mérito dos clichês de achar que em são paulo todo mundo está à beira de um ataque de nervos ou de que todo mundo no amazonas anda de cipó. a que a gente já superou a era dos preconceitos do desconhecido (assim espero).

também nem preciso pontuar as diferenças pessoais de cada brasileiro: nem todo mundo gosta de samba, nem todo mundo é solícito, nem todo mundo quer ser jogador de futebol. apesar de ser assim que o país é vendido para fora.

parece que existe uma tendência de homogeneização: “os brasileiros são assim”, “as mulheres são assado”, “os gays são de tal jeito” e por aí vai. como se as pessoas pudessem ser reduzidas a poucas características, que influenciam apenas parcialmente na formação da personalidade.

apesar disso tudo, achei interessante os comentários que nove estrangeiros que vivem em são paulo fizeram sobre a cidade (alguns, como se definissem o povo brasileiro). tem uns bem legais, outros fazem pensar bastante, porque nem sempre a gente se dá conta de que pequenos atos geram estranheza ou admiração em quem não é daqui.

alguns destaques:

aqui as pessoas se ajudam. dão informações na rua ou no metrô, seguram sua bolsa no vagão e ajudam a carregar a mala.” (sasha yaklovena, 25, russa, jornalista)

aqui as pessoas não respeitam fila. é normal ver alguém passando na frente e ninguém falar nada.” (kieran gartlan, 46, irlandês, economista)

“as mulheres prendem o cabelo com o próprio cabelo fazendo um nó.” (michelle warmbier, 25, alemã, terapeuta de dança)

“vestir-se bem não é coisa de macho.” (baptiste demay, 26, francês, modelo)

“é mais barato viajar aos eua para comprar um computador do que comprá-lo aqui.” (zhen zhang, 27, chinês, gerente de marketing)

“o brasil é mais bonito do que nos documentários, que só mostram a parte ruim do país.(melanito biyouha, 43, camaronesa, dona de restaurante)

“a mulher aqui não nasce para ser dona de casa.” (aliah khreiis, 37, libanesa, sócia de restaurante)

são paulo às vezes é bem diferente de vitória, cidade onde cresci. e ainda mais ímpar se comparada com conselheiro lafaiete, interior de minas, onde nasci. talvez por ter me mudado algumas vezes, perceba com mais clareza que as coisas no brasil tendem a ser bem diferentes de um lugar para o outro. mas é que quando se é de fora, se consegue ver em perspectiva.

as afirmações das aspas são do texto publicado na última edição da revista sãopaulo, do jornal folha de s. paulo, que circula sempre aos domingos. para ler a matéria completa, clique aqui.

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